Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

10 agosto 2009

SUPERIORIDADE DO ENSINO CUBANO FRENTE AO BRASILEIRO: pesquisador estadunidense aponta

O título da matéria que compartilho abaixo não corresponde suficientemente bem ao seu conteúdo. A chamada na página inicial do UOL corresponde melhor. É cruel, mas de modo nenhum injusta: "Professores do Brasil não sabem ensinar, diz pesquisador dos EUA". Esse é o fato, ponto.
 
Difícil não pensar que a palestra dele na Faculdade de Educação da USP tenha causado mal-estar, pois essa instituição é uma das maiores responsáveis pelo estado de coisas apontado.
 
Como? Por quê?
 
Porque [FORMA] a FE-USP tem enorme influência sobre a educação no país inteiro, quer por sua influência no/sobre o Conselho Nacional de Educação e outros órgãos oficiais, quer "meramente" pelo seu exemplo, que atua com força redobrada pelo prestígio do seu nome. E porque usa essa influência para "vender" [CONTEÚDO] seus cursos de formação de pesquisadores em educação como modelo de cursos de formação de professores – o que seus cursos (Pedagogia e Licenciaturas) definitivamente não são.
 
Bom, deixo vocês com o Prof. Carnoy. Seu trabalho aponta diversos fatores, todos eles dignos de atenção.
(Zé Ralf)
 

10/08/2009 - 09h38

Alunos cubanos são melhores que os brasileiros porque seus professores sabem mais, diz pesquisador dos EUA

Simone Harnik
Em São Paulo
 
Avaliações internacionais revelam que o desempenho de estudantes cubanos em matemática e linguagem é bastante superior ao dos brasileiros. E, segundo o pesquisador da Universidade de Stanford Martin Carnoy, há uma razão para essa performance diferenciada na ilha de Fidel: lá a qualificação dos docentes é melhor e o envolvimento, maior.

"A causa principal [para Cuba se destacar nas provas] é que os professores têm mais domínio da disciplina e têm uma clara ideia de como ensiná-la", afirmou o pesquisador ao UOL Educação.

Carnoy estudou as diferenças nos sistemas de ensino do Brasil, de Cuba, e do Chile. Os resultados foram sintetizados no livro "A vantagem acadêmica de Cuba", publicado no Brasil pela Ediouro em parceria com a Fundação Lemann. Durante a última semana, o acadêmico ministrou palestras divulgando o trabalho no país.

Simone Harnik/UOL http://ed.i.uol.com.br/ultnot/mcarnoy_sh.jpg
O pesquisador norte-americano Martin Carnoy, em palestra da Fundação Lemann, na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), na última quarta-feira (5)

A boa formação do magistério em Cuba é traduzida em alta cobrança aos estudantes - e isso cria um círculo virtuoso, já que os melhores alunos acabam se tornando professores no futuro. "Tudo isso acontece, porque o sistema apoia o professor, ensinando-o a lecionar", diz.

Segundo o norte-americano, no Brasil, a maior parte dos docentes não é formada nas melhores universidades - que, por sua vez, pouco abordam a didática das disciplinas. "Os professores brasileiros não são ensinados a ensinar o currículo. Eles estudam teorias e têm de aprender a lecionar na prática, o que não é um bom método", avalia.

Diretores envolvidos

Além disso, a função do diretor da instituição de ensino em Cuba, afirma o pesquisador, é bem definida: "Ele é responsável pelo nível de instrução de cada estudante. Os diretores sabem exatamente o que cada aluno está aprendendo, sabem o que acontece na escola e com a família". "No Brasil, este papel não é claro. Raramente os diretores visitam as salas de aula", acrescenta.

E o trabalho desse gestor na ilha é beneficiado pelo rigor de um conteúdo programático centralizado. "Em Cuba, não há diversidade no currículo. Em qualquer lugar do país, os estudantes devem aprender a mesma matéria ao mesmo tempo. Isso não acontece no Brasil, há muita diversidade nos currículos", opina.

A abertura no currículo e a falta de rigor sobre o que deve ser ensinado tornam-se mais preocupantes, associados ao fato de que os alunos brasileiros são dispersos e menos solicitados a realizarem exercícios individuais ou coletivos durante as aulas - eles passam pouco tempo em cada tarefa. Em seu estudo de campo, Carnoy verificou isso filmando aulas de matemática nos dois países.

"Os estudantes cubanos recebem uma folha para resolverem problemas. Depois do trabalho, eles discutem de verdade os erros. No Brasil, ainda há professores que passam a matéria na lousa. Os alunos são chamados para resolverem no quadro-negro e, se erram, os professores apagam e não debatem", relata. "É possível mudar essa situação, o que vai exigir muito esforço e vontade política."

Contexto social

O contexto social, de acordo com Carnoy, é outro fator relevante na análise das notas. "Cuba é uma sociedade centralizada e há grande ênfase na educação. O Estado garante que as crianças recebam uma boa educação e saúde", aponta.

O cuidado com a saúde cubano leva ainda a uma nutrição mais vigorosa do corpo discente. Além disso, diz Carnoy, em Cuba praticamente não existe trabalho infantil e violência escolar. As crianças estudam em um ambiente mais seguro e menos desigual que o brasileiro.

"O contexto social em Cuba é muito melhor para as crianças com baixa renda. No Brasil, 40% dos pobres ou muito pobres vivem em condições muito difíceis para aprenderem", diz.

Mas, não, Carnoy não apoia o regime político fechado e autoritário da ilha. "Valorizo a liberdade, e esta é uma questão a se pensar. Vivo em uma sociedade que é muito desigual - 25% das crianças norte-americanas vivem na pobreza e não têm liberdades. Já, em Cuba, os adultos têm poucas liberdades, mas as crianças têm o direito de crescerem saudáveis", relativiza.
 
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Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
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