Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

03 agosto 2009

fw: excelente conjunto de informações & reflexões sobre a gripe

Sobre a "gripe ex-suína", recebi estes excelentes esclarecimentos do Dr Angelmar Roman, médico curitibano seriíssimo, com formação em medicina antroposófica + pós-graduações em Saúde Pública etc. Abraços .... Ralf
----- Original Message -----
Sent: Sunday, August 02, 2009 1:39 PM
Subject: Res: Joseli - uma dúvida

Joseli,

Essa gripe tem algumas novidades de fato.
Mas o que está constatado ATÉ O MOMENTO, é que tem a mesma (ou menos) letalidade que a Influenza sazonal (gripe comum do inverno).

A novidade é a caracterização dos grupos de risco para doença grave. Nas outras influenzas eram os bebês e os idosos, pobres geralmente. Curiosamente, a Influenza A está causando doença grave em alguns jovens (qual especificidade desses jovens?). Por enquanto, o grupo que pareceu certamente mais susceptível, são as gestantes. Os idosos parecem que estão protegidos. As crianças fazem um febrão alto mas depois resolvem bem.

O que dá pra refletir?

O site da organização mundial da saúde (www.who.int) expõe o desafio do momento: qual o grupo de risco para doença grave?  Mas a pregação de hecatombe não tem, até o momento, suporte nas evidências. O número de morte de pessoas contaminadas é igual (ou menor) que a gripe comum. As medidas para evitar o contágio podem reduzir, mas parece que é uma virose MAIS CONTAGIOSA que a influenza sazonal. Ou seja, é muito provável que ela já esteja disseminada.

Como medidas preventivas, o de sempre: atividade física ao ar livre, bem protegida do frio. Ingerir verdura de folha, rabanete (sem arrotar em público, depois), manter as extremidades quentes. Evitar alimentos muito concentrados em lacticínios, farináceos e açúcar. Ambientes fechados, só com aqueles que a gente tem afinidades.

Como OPINIÃO (especulação, sem amparo científico, portanto), reflito que este surto tem variáveis influenciadas por vetores de toda a ordem. Tentando delimitar alguns desses vetores, trago algumas idéias.

Primeiro, obviamente inevitável, é o vetor econômico: a Roche, produtora do Tamiflu teve suas ações dramaticamente valorizadas. Vale a pena comentar que o governo brasileiro havia comprado o direito de patente em 2006, num momento em que não valia muito - golpe da sorte -  e está produzindo mais de um milhão de unidades/semana. [Destaque do Ralf: por que a imprensa que tenta caracterizar o governo como irresponsável não conta isso?]

Segundo: vamos medicar todo mundo? Problemas: se usarmos indiscriminadamente o Tamiflu (que só funciona se for administrado nas primeiras 48 hs) o virus facilmente fará uma mutação induzindo resistência. Daí, ba-bau: ano que vem o tsunami é inevitável. A OMS está indicando prudência e ponderação com o Tamiflu. Se errar na mão, ficamos na mão e construímos um GRANDE problema para os próximos dois anos.

Terceiro: os fanáticos religiosos, todos sabemos, estão esperando o Apocalipse ha muito. Citam capítulo e versículo que descreve a pandemia, com detalhes. É o castigo dos deuses por uma inédita má conduta moral. Pelo jeito, antes, a humanidade era extremamente justa, santa e moral, com toda sua escravidão, monarquia e o escambau.

Quarto : é o desejo de alguns de nós, participar como protagonistas de algum evento inesquecível, como o final dos tempos prometidos, não pela Bíblia, mas por Hollywood. Seja com ETs invadindo a Terra, seja por congelamento do Mundo, ou por uma bomba atômica que algum terrorista decide explodir. Só que, no final desses inúmeros filmes, os maravilhosos americanos, com seus heróicos, justos e equilibrados presidentes, sempre salvam a Terra ou inté  o Universo (quando o produtor descuidadamente bebe muito e exagera na mão). Desta vez, me pergunto, quem nos salvará, se o Império do Norte é o país que tem o maior número de infectados no mundo, um sistema de saúde pública desorganizado e nenhuma tecnologia a respeito, para nos vender.

Quinto (mas não o último, já que cada um de nós percebe mais um vetor): A Influenza sazonal mata, como já disse, e vai continuar matando os mais frágeis: bebês, idosos, geralmente pobres. Estes últimos morrem às pencas (uma criança a cada 10 minutos, no Brasil, ainda morre por falta de condições minimamente humanas). Nós nunca nos demos conta disso. Por exemplo, morrem cerca de 15 motoboys por dia (não motoqueiros: motoboy, mesmo: trabalhador). Mas eu não sou motoboy. Não sou pobre e nunca liguei pra isso. Mas agora, traiçoeiramente, descobri que eu ou meus filhos podem ser mortos. Portanto, maledeto Ministério da Saúde. Maledeta OMS.

Finalmente, se você aguentou até aqui: tem a polêmica sobre os modelos como se interpretam saúde e doença. Os profissionais dos hospitais, quase como regra, crêem, professam e praticam o, assim chamado, modelo biomédico. Esse  modelo reduz a complexidade do cotidiano de saúde/doença a determinantes claros e simples, com fluxos de causa e efeito tomados emprestados das ciências naturais (leia-se Fisica e Matemática) e da Biologia de laboratórios.  As doenças tem unicausalidade. A certeza científica é o chão. Este modelo está cada vez mais em descrédito. Não consegue responder às questões atuais sobre saúde/doença.

Os profissionais que atuam na Saúde Pública, geralmente pautam-se pela Epidemiologia e tem como base de suas deduções, as ciências biológicas, num encontro com as outras ciências, principalmente as Sociais. Com isso, elaboram seus julgamentos e atuam baseados no modelo da Integralidade. Os agravos, - na realidade, os sofrimentos da população (ja que o termo "doenças" é evitado) - dependem de múltiplos determinantes. Saúde/doença são determinados socialmente. A incerteza é o solo em que devemos proceder as análises. É um modelo explicativo em ascensão, adotado pela pesquisa em saúde nos últimos 10 a 20 anos.

Pois bem: num surto pandêmico como este, os adeptos do velho modelo determinista entram em euforia: "eu falei que as doenças são causadas por germes. Essa pandemia vem pra provar que o modelo da integralidade é uma bobagem. Tudo depende de virus e bactérias".
Como a Organização Mundial da Saúde, obviamente é uma das grandes divulgadore
s do modelo da integralidade, está sendo acusada de omitir informações. Porque, segundo os médicos de UTI - que estão cuidando dos infelizes pacientes que fizeram a doença grave - deve haver explicação certa, unicausal, matemática, lógica de tudo isso. E se a OMS não explica é porque não quer.

Acho isso.Por enquanto.

Angel



Caro Angel:
Olá desejo que esteja tudo bem com você e sua família !
Quero , ainda, em tempo, parabenizá-lo pelo Doutorado, fiquei muito feliz por você.
Gostaria também de ouvir ( ler ) de você qual é a verdadeira gravidade da Gripe A e qual a melhor precaução, pois vejo muito sensacionalismo sobre a situação e não tive segurança nas informações da mídia.
Abraços, obrigada, e boa sorte sempre.
 
 
Joseli do Rocio Sartori  | jsartori@positivo.com.br


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