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12 novembro 2016

7 propostas de Trump censuradas pela mídia, e que explicam sua vitória - segundo Ignacio Ramonet

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Em artigo publicado dia 9 no portal desInformémonos, o jornalista e sociólogo Ignacio Ramonet elenca “7 propostas de Donald Trump que os grandes meios censuraram, e que explicam sua vitória” - não sem antes admitir que as declarações de Trump que a mídia colocou sob os holofotes constituem um “catálogo de asneiras horripilantes e detestáveis”.

Infelizmente Ramonet gasta mais da metade de seu texto para relembrar o que todo mundo já sabe - então eu (Ralf Ricklime permito traduzir aqui, e isso condensando e adaptando um tanto, só os 7 pontos referidos no título. Quem quiser pode consultar o texto original aqui.

1) Os jornalistas não perdoam, em primeiro lugar, que Trump ataque de frente o poder midiático. Reprovam que em seus comícios ele instigue o público a vaiar “a imprensa desonesta”. Trump afirmou com frequência: “Não estou competindo contra Hillary Clinton, estou competindo contra os meios de comunicação corruptos”. Também escreveu, em um tweet pouco antes da eleição: “Se a mídia corrupta e nojenta me cobrissem de forma honesta, sem injetar significados falsos nas minhas palavras, eu estaria ganhando da Hillary por uns 20%”. Assim, em seus atos de campanha Trump não hesitou em retirar as credenciais de veículos importantes como The Washington Post, Politico, Huffington Post y BuzzFeed, e chegou mesmo a atacar a Fox News, a grande rede da direita panfletária que lhe estava dando forte apoio.

2) Trump denuncia a globalização econômica, convicto de que ela acabou com a classe média. Diz que a economia globalizada está levando cada vez mais gente à falência, lembrando que nos últimos 15 anos mais de 60 mil fábricas tiveram que fechar as portas nos Estados Unidos, e desapareceram quase 5 milhões de empregos industriais bem pagos.

3) Trump é um protecionista ardoroso; propõe aumentar os impostos sobre todos os produtos importados. Apoiador do Brexit (o abandono da União Europeia pelo Reino Unido), declarou que tratará de retirar os EUA do NAFTA (Tratado de Livre Comércio da América do Norte), bem como do TPP (Acordo Transpacífico de Parceria), dizendo que este último seria um golpe mortal para a indústria manufatureira estadunidense. Esta mensagem pegou fundo em regiões como o “cinturão da ferrugem” do Noroeste, onde o fechamento e a mudança de fábricas deixaram altos índices de desemprego.

4) Também pegou fundo sua oposição aos enfoque neoliberais em matéria de seguridade social. Muitos eleitores com mais de 65 anos, ou que foram vítimas da crise de 2008, dependem da aposentadoria da Social Security e do seguro de saúde do Medicare, desenvolvido por Obama, que outros líderes republicanos desejam extinguir. Trump prometeu não tocar nesses avanços sociais, baixar o preço dos medicamentos, ajudar a resolver os problemas dos sem-teto, reformar a fiscalização dos pequenos contribuintes e suprimir um imposto federal que afeta 73 milhões de lares modestos.

5) Contra a arrogância de Wall Street, Trump propõe aumentar significativamente os impostos dos aplicadores em fundos Hedge que ganham fortunas, e apoia o restabelecimento da Lei Glass-Steagall. Aprovada em 1933, em plena Grande Depressão, essas lei separava os bancos tradicionais dos bancos de investimento, para evitar que os primeiros pudessem fazer investimentos de alto risco. Obviamente, todo o sistema financeiro se opõe de modo absoluto ao restabelecimento dessa medida.

6) Em política internacional, Trump quer estabelecer uma aliança com a Rússia para combater com eficácia o Estado Islâmico - ainda que para isso Washington tenha que reconhecer a anexação da Crimeia por Moscou.

7) Trump estima que, com sua enorme dívida soberana, os Estados Unidos já não dispõem dos recursos necessários para conduzir uma política externa intervencionista indiscriminada. Já não podem impor a paz a qualquer preço (sic). Em contradição com vários caciques do seu partido, e como consequência lógica do final da Guerra Fria, quer mudar a OTAN: “Não haverá nunca mais garantia de proteção automática dos Estados Unidos para os países da OTAN”.

Todas essas propostas não anulam as inaceitáveis, odiosas e às vezes nauseabundas declarações de Trump difundidas pelos grandes meios com bumbos e pratos - mas não deixam de explicar melhor o seu êxito.
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