Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

30 novembro 2008

diálogo econômico-filosófico entre Adam Smith e Katrl Marx

Achei instrutivo e BONITO...  (Ralf)
 
30/11/2008 | Copyleft
 

Adam Smith e Marx dialogam sobre o desmonte do capitalismo financeiro

"O que aconteceu nos últimos 30 anos no mundo vai contra tudo o que tu e eu, como economistas e como filósofos morais, queríamos", diz Adam Smith a Karl Marx", num diálogo imaginado pelo professor Antoni Domènech, professor de Filosofia da Universidade de Barcelona. No diálogo, eles conversam sobre a situação do capitalismo, defendem a atividade econômica geradora de riqueza e criticam os parasitas rentistas que buscam o lucro a qualquer preço.

O professor Antoni Domènech, catedrático de Filosofia Moral na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Barcelona e editor da revista SinPermiso, produziu um diálogo fictício entre Adam Smith e Karl Marx sobre a crise atual do capitalismo.

Karl Marx: Viste, velho, que esse menino, Joseph Stiglitz, anda dizendo por aí que o colapso de Wall Street equivale à queda do Muro de Berlim e do socialismo real?

Adam Smith: Não é para ficar contente, nem eu nem tu. E tu, menos ainda que eu, Carlos.

Karl Marx: Cara, por conta do suicídio do capitalismo financeiro, meu nome voltou a estar na moda; meus livros, segundo informa o The Guardian, se esgotam. Até os mais conservadores, como o ministro das finanças da Alemanha, reconhecem que em minha teoria econômica há algo que ainda vale à pena levar em conta...

Adam Smith: Não me venhas agora com vaidades acadêmicas mesquinhas post mortem, Carlinhos, já que em vida jamais te abandonaste a esse tipo de coisa. Eu falo num sentido mais fundamental, mais político. Nenhum dos dois pode estar contente e, te repito, tu menos ainda que eu.

Karl Marx: Sim, e aí?

Adam Smith: O "socialismo real" que se construiu em teu nome e não tinha nada a ver contigo. Pelo menos tu, sim, te identificaste como "socialista". Eu, por outro lado, nem sequer jamais chamei a mim mesmo de "liberal"! Isso de "liberalismo" é uma coisa do século XIX (a palavra, como tu sabes, foi inventada pelos espanhóis em 1812), e vão e a atribuem a mim, um cara que morreu oportunamente em 1793. É ridículo!Como isso foi me acontecer?

Karl Marx: Já vejo por onde estás indo. Queres dizer que nem a queda do Muro de Berlim nem o colapso do capitalismo financeiro em 2008 têm muito a ver nem contigo nem comigo, mas que, ainda assim, nos jogam as responsabilidades?

Adam Smith: Exatamente. Mas em teu caso é pior, Carlos. Porque tu, sim, te disseste socialista. A mim pouco importa o "liberalismo", qualquer liberalismo. Não há o que explicar a ti, precisamente um de meus discípulos mais inteligentes, que nem minha teoria econômica nem minha filosofia moral tinham nada a ver com o tipo de ciência econômica, positiva e normativa, que começou a impor-se nos teus últimos anos de vida, isso a que tu ainda chegaste a chamar "economia vulgar" e que tanto agradou aos liberais de tipo decimonônico.

Karl Marx: Claro, tu e eu ainda fomos clássicos. Depois veio essa caterva vulgar de neoclássicos, incapazes de distinguir qualquer coisa.

Adam Smith: Por exemplo, entre atividades produtivas e improdutivas, entre atividades que geram valor e riqueza tangível e atividades econômicas que se limitam a obter rendas não resultantes de trabalho (rendas derivadas da propriedade de bens imóveis, rendas derivadas dos patrimônios financeiros, rendas resultantes de operações em mercados não-livres, monopólicos ou oligopólicos). Nunca deixou de me impressionar a agudeza com que elaboraste criticamente algumas dessas minhas distinções, por exemplo, nas teorias da mais-valia.

Karl Marx: É evidente. Tu falaste repetidas vezes da necessidade imperiosa de intervir publicamente em favor da atividade econômica produtiva. Isso é o que para ti significava "mercado livre"; nada a ver com o imperativo de paralisia pública dos liberais e dos economistas vulgares, incapazes de distinguir entre atividade econômica geradora de riqueza e atividade parasitária visando ao lucro.

Adam Smith: Em meu mercado livre os lucros das empresas verdadeiramente competitivas e produtivas e os salários dos trabalhadores dessas empresas nem sequer teriam que ser tributados. Em troca, para manter um mercado livre no sentido em que defendo, os governos deveriam matar de impostos os lucros imobiliários, financeiros e todas as rendas monopólicas...

Karl Marx: Quer dizer, a tudo o que, depois de terem dado a mim por morto, e em teu nome, Adam, em teu nome!, se fez com que deixassem de pagar impostos nos últimos 25 anos. Haja saco!

Adam Smith: Haja saco, Carlos! Porque o que eu disse é que uma economia verdadeiramente livre, na medida em que estimulasse a riqueza tangível podia gerar - graças, entre outras coisas, a um tratamento fiscal agressivo do parasitismo rentista e da pseudo-riqueza intangível - amplos recursos públicos que poderiam ser destinados a serviços sociais, à promoção da arte e da ciência básica – que é, como a arte, incompatível com o lucro privado -, a estabelecer uma renda básica universal e incondicional de cidadania, como queria meu conterrâneo Tom Paine, etc. Vês, já, Carlos: eu, que não passei de um modesto republicano whig (1) de meu tempo, agora, se quatro preguiçosos, ainda que ignorantes, professorzinhos não me falseassem, e se lessem com conhecimento histórico de causa, até poderia passar por um perigosíssimo socialista dos teus. E te direi, e há de ficar entre nós, que, considerando o que temos visto, a tua companhia resulta bastante grata a mim...

Karl Marx: Na realidade, todo o teu conhecimento, como o de tantos republicanos atlânticos de tua geração, foi posto a serviço do princípio enunciado pelo grande florentino mal-afamado, a saber: que a liberdade republicana não pode florescer em nenhum povo que consinta com a aparição de magnatas e senhores [gentilhuomini], capazes de desafiar a república. E só assim se vê como a falsificação, em teu caso, é pior que no meu: o "socialismo real" abusou aberrantemente da palavra "socialismo", dando cabimento ao regozijo de meus inimigos; mas tu nem chegaste a te inteirar sobre o que era esse tal de "liberalismo"!

Adam Smith: Quem não se consola é porque não quer, Carlos. O certo é que o que aconteceu nos últimos 30 anos no mundo vai contra tudo o que tu e eu, como economistas e como filósofos morais, queríamos. Olha esses pobres espanhóis, inventores do termo "liberalismo". A ti e a mim importava sobretudo a distribuição funcional do produto social (isso a que agora tratam como PIB): pois bem, a proporção da massa salarial em relação ao PIB não parou de baixar, na Espanha, e seguiu baixando inclusive depois que o partido até há muito pouco tempo se dizia marxista voltou a assumir o governo em 2004...

Karl Marx: Sim, sim, um horror...Mas é que quando esses meninos supostamente me abandonaram por ti e passaram a se chamar "social-liberais" no começo dos anos 80, o que fizeram foi uma coisa que também teria te deixado de cabelo em pé. Observa que não só retrocedeu a proporção da massa salarial em relação ao PIB, senão que, na Espanha do pelotazo (2) e do enrichisez-vous (3) de Felipe González, o mesmo que na Argentina da "pizza e do champanhe" de Menem e em quase todo o mundo, os lucros empresariais propriamente ditos também começaram a retroceder também em relação aos rendimentos imobiliários, financeiros e as rendas monopólicas, no PIB...

Adam Smith: Como nos arrebentaram, Carlos!

Karl Marx: Não te desesperes, Adam. A história é caprichosa e, quem sabe seja melhor, agora, que comecem a nos levar a sério. Observa que acabaram de dar o Prêmio Nobel a um menino bem danado, que há anos estuda a competição monopólica e resgata Chamberlain e Keynes, esses caras que ao menos se esforçaram para nos entender, a ti e a mim, nos anos 30 do século XX, e que queriam promover a "eutanásia do rentista"...

Adam Smith: - Eu fui um republicano whig bastante cético, Carlos. Não vivi o movimento dos trabalhadores dos séculos XIX e XX e a epopéia de sua luta pela democracia. Não posso entregar-me tão facilmente ao Princípio Esperança (4) daquele famoso discípulo teu, agora, certamente, quase esquecido.

Tradução: Katarina Peixoto

Notas

(1) O Whig Party era o partido que reunia as tendências liberais no Reino Unido e se contrapunha ao Tory Party, dos conservadores. Whig (ou Whigs) é uma expressão de origem popular que se tornou termo corrente na designação do partido liberal no Reino Unido. Esta corrente contribuiu para a formação do atual Partido Democrata Liberal – Liberal Democrats. Também está presente em algumas vertentes do Partido Trabalhista inglês-Labour Party. É profundamente relacionado ao protestantismo calvinista, na sua forma presbiteriana, das sociedades escocesa inglesa. Tem origem nas forças políticas escocesas e inglesas que lutaram a favor de um regime parlamentar protestante: o Whig Party.

O Whig Party foi um dos partidos mais influentes no sistema parlamentar britânico até o fim da Primeira Guerra Mundial, alternando com os Tories na formação do governo britânico. Depois da Primeira Guerra, o partido perdeu importância e foi praticamente substituído pelo partido trabalhista (Labour Party) na alternância do poder político no Reino Unido com os Tories.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Whig_(Reino_Unido) N.deT.


(2) A cultura do pelotazo, na Espanha, refere-se ao enriquecimento rápido e sem esforço.

(3) Expressão atribuída historicamente a uma suposta afirmação do historiador e político francês François Guizot (1787-1874). Num contexto de restauração de forças conservadoras no poder francês, teria Guizot, segundo consta na tradição do anedotário político, expressado seu entendimento da agenda revolucionária de 1789. Consta que, logo após ter assumido a chefia efetiva do governo, por volta de 1840, ele pronunciou: "Esclareçam-se, enriqueçam, melhorem a condição moral e material da nossa França". Para outros, Guizot disse isto: "Enriqueçam para o trabalho e para a indulgência e serão eleitores", respondendo aos detratores do voto censitário. A expressão passou então a ser usada como descrição de um comportamento cínico e privatista, como parece ser o caso nesse diálogo. N.deT.

(4) O Princípio Esperança (editado no Brasil pela Contraponto) é o trabalho mais famoso de Ernst Bloch, de 1959. Sobre Bloch, são dignas de reprodução as seguintes considerações de Michael Löwy: "Teólogo da revolução" e filósofo da esperança, amigo de juventude de Lukács e Walter Benjamin, Ernst Bloch designa a si próprio como um pensador romântico revolucionário. Nascido na cidade industrial de Ludwigschafen, sede da IG Farben (Importante Empresa Química), olhava com espanto e admiração a cidade vizinha, Manheim, velho centro cultural e religioso; como dirá mais tarde numa entrevista autobiográfica, esse contraste entre "a aparência feia, despida e sem delicadeza do capitalismo tardio" - símbolo do "caráter-de-estação-de-trens" (Bahnfof-shaftigkeit) de nossa vida moderna e a antiga cidade do outro lado do Reno, símbolo da "mais radiante história medieval" e do "Santo Império Romano Germânico", deixou uma profunda marca em seu espírito.

Leitor entusiasta de Schelling desde a adolescência, aluno do sociólogo neo-romântico (judeu) Georg Simmel, em Berlim, Bloch irá participar durante alguns anos (com Lukács) do Círculo Max Weber de Heidelberg, um dos principais núcleos do romantismo anticapitalista nos meios universitários alemães. Testemunhos da época o descrevem como um "judeu apocalíptico catolicizante", ou como "um novo filósofo judeu..." que se acreditava, com toda evidência, precursor de um novo Messias./ Por essa época (1910-17), havia uma profunda comunhão espiritual entre Bloch e Lukács, de que é possível acompanhar os vestígios em seus primeiros escritos. Segundo Bloch (na entrevista que me concedeu em 1974), "éramos como vasos comunicantes; a água encontrava-se sempre à mesma altura nas duas colunas". Foi graças a Lukács que ele se iniciou no universo religioso de Mestre Eckhart, Kierkegaard e Dostoiévski – três fontes decisivas para sua evolução espirital. "In: Redenção e Utopia: o judaísmo libertário na Europa central (Um estudo de afinidade eletiva)". Trad. Paulo Neves, São Paulo, SP, Companhia das Letras, 1989, p. 120). N. de T.

 
 
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Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
http://ralf.r.tropis.org • (11) 8552-4506
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28 novembro 2008

Re: para refletir e se possível AJUDAR (Santa Catarina e +)

Oi Ralf,

muito obrigado por compartilhar os slides. Estou no momento em Itapecerica, facilitando um processo de aprendizado chamado "Laboratório de Mudança" e o estudo de caso que escolhemos é justamente mudança climática.

Também achei as fotos muito fortes, e o que passa pela minha cabeça no momento é: quanto mais vamos precisar sentir na própria pele? A mudança climática é um problema tão complexo, que é difícil relacionar causa e efeito no nosso dia a dia, mas acho catástrofes como essa mostram que não temos mais desculpa. E não basta olhar para a alteração do clima como um sintoma isolado, ela é apenas uma das consequencias dos modelos mentais da nossa sociedade de crescimento industrial. Cada um de nós tem que avaliar quais são os nosso valores, e qual a nova ética que precisamos para pder sobreviver a esses tempo, como espécie, e talvez como planeta.

Um Abraço,
Thomas

--
Thomas Ufer
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2008/11/28 Ralf Rickli / Tropis <rrtrop@gmail.com>
Amigos:
recebi uma apresentação PPS que não estou re-enviando no e-mail, mas envio um link por onde vocês podem baixá-la se optarem por isso.
 
São 80 (oitenta) fotos da calamidade em Santa Catarina. Em tamanho inteiro na tela e muito mais dramáticas que qualquer uma que eu tenha visto nos noticiários. Incluo apenas 1 dessas 80 mais adiante, para comentar.
 
Quando recebi, fiquei na dúvida se abria. Pois quem conhece bem a natureza humana sabe que, no fundo, todos nós sentimos um certo prazer ao vermos imagens assim: não um prazer em que alguém esteja sofrendo, mas o mero prazer de estar vendo, mais o prazer de estar sentindo sentimentos intensos. (Quem diz que não tem nada disso ainda não se conhece a fundo!)
 
Então fiquei com dúvidas se seria ético me permitir emocionar-me com essas fotos, quando não posso fazer praticamente nada para ajudar. Acabei vendo as imagens e acho que fiz bem, por duas razões:
 
Primeira, que me mobilizou a compartilhar aqui os números de contas bancárias para contribuição com a Defesa Civil de SC. Colocar ainda que 5 ou 10 reais no pires não é insignificante numa hora dessas, não. Trabalho de formiguinha FAZ diferença.
 
A segunda, que me fez refletir duas coisas que compartilho logo abaixo, depois do link e dos número de contas.
 

O link para baixar a apresentação: http://www.tropis.org/imagext/calamidade-sc.pps 
                Obs.: o arquivo é grande e pode levar mais de 7 minutos para baixar, mesmo em banda larga.
 
As contas :  Bradesco ag. 0348-4 cc. 160.000-1 • Banco do Brasil ag. 3582-3, cc. 80.000-7 • BESC ag. 068-0 cc. 80.000-0.
                 Além disso a empresa TECNOBLU estaria recebendo itens de doação em São Paulo
                 na Rua Maestro Cardim 407, cj.608, Bela Vista (ou Paraíso)

 
As reflexões:
 
(1) Honestamente, creio que não é ruim a gente ser relembrado de tempos em tempos sobre a fragilidade das nossas vidas e das seguranças, mesmo que pequenas, em que nos agarramos. Tomar alguns minutos pra pensar: "como eu agiria se acontecesse comigo, se acontecesse com os meus". Se um dia acontecer, não se ver desprevenido: "mas eu nunca imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer comigo".
 
Mas por quê? Acho que no mínimo porque aí temos mais chance de ficarmos do lado da solução e não do problema (p.ex.: ser uma das pessoas que ajudam outras, e não das pessoas que desabam).
 
Sinto que nessas horas é que a gente entende o verdadeiro sentido, nem um pouco careta, de algumas expressões das antigas religiões, como p.ex. "Senhor, ensina-nos a recordar que temos que morrer para que alcancemos um coração sábio" - em algum ponto da Bíblia que no momento não me lembro (provavelmente Salmos ou Eclesiastes ou Provérbios). Isso não tinha nada a ver com "escapar do inferno", ou algo assim, e sim com estar pronto para a vida, com todos os seus diferentes lados.
 
(2) Juro que as ondas gigantescas de filmes apelativos como Depois do dia seguinte  (não confundir com o brilhante O dia seguinte, sobre os efeitos de uma guerra nuclear) não me assustaram tanto como a seguinte foto:
 
 
Porque, por absurdo que seja, só neste instante eu relacionei o problema das mudanças climáticas com um fato que eu já conhecia: que quando o mar sobe ele força o nível dos rios a se elevar, represando-os. E então mesmo que o mar não nos invada com água salgada, as regiões litorâneas correm o risco de submergir na água doce que vem de cima (das chuvas e dos rios das serras).
 
Tenho pensado em que há um aspecto em que o governo Lula me desgosta - ao lado de alguns em que meramente me desagrada, e muitos em que me entusiasma fortemente. Não vou falar destes últimos agora. O que me desgosta é a falta de investimento em energias realmente alternativas - não combustíveis.
 
Assistam o filme Zeitgeist: Addendum (tem em http://www.zeitgeistmovie.com com legendas em português) e vocês verão: 2 horas de sol do meio-dia transmitem à Terra tanta ou mais energia do que a humanidade consome em um ano inteiro. As energias solar, eólica, das ondas e das marés já dariam conta de sobra para todas as necessidades humanas atuais, e juntando-se a isso a geotermal as reservas são praticamente infinitas. Mas no lugar disso, estamos conquistando galhardamente uma posição elevada... justamente num tipo de tecnologia que está condenada (ou que está nos condenando).
 
(Mas não, não estou dizendo que preferia outra pessoa no lugar do Lula lá. Tomando os diversos fatores em conjunto, não acredito que haja no momento outro brasileiro nem de longe tão capacitado como ele. O que dá vontade é rezar e começar a acender velas - ou melhor: espelhos ao sol... - pra ver se ele acorda, e logo, para esse aspecto das coisas!)
 
Abraços a tod@s!
.........................................................
Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
http://ralf.r.tropis.org • (11) 8552-4506
 

Re: para refletir e se possível AJUDAR (Santa Catarina e +)

Todo apoio ao seu comentário e considerações. Acompanho na alma os sentimentos e pensamentos que convergem inteiramente com os meus!
Obrigado,
Josef

2008/11/28 Ralf Rickli / Tropis <rrtrop@gmail.com>
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São 80 (oitenta) fotos da calamidade em Santa Catarina. Em tamanho inteiro na tela e muito mais dramáticas que qualquer uma que eu tenha visto nos noticiários. Incluo apenas 1 dessas 80 mais adiante, para comentar.
 
Quando recebi, fiquei na dúvida se abria. Pois quem conhece bem a natureza humana sabe que, no fundo, todos nós sentimos um certo prazer ao vermos imagens assim: não um prazer em que alguém esteja sofrendo, mas o mero prazer de estar vendo, mais o prazer de estar sentindo sentimentos intensos. (Quem diz que não tem nada disso ainda não se conhece a fundo!)
 
Então fiquei com dúvidas se seria ético me permitir emocionar-me com essas fotos, quando não posso fazer praticamente nada para ajudar. Acabei vendo as imagens e acho que fiz bem, por duas razões:
 
Primeira, que me mobilizou a compartilhar aqui os números de contas bancárias para contribuição com a Defesa Civil de SC. Colocar ainda que 5 ou 10 reais no pires não é insignificante numa hora dessas, não. Trabalho de formiguinha FAZ diferença.
 
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(1) Honestamente, creio que não é ruim a gente ser relembrado de tempos em tempos sobre a fragilidade das nossas vidas e das seguranças, mesmo que pequenas, em que nos agarramos. Tomar alguns minutos pra pensar: "como eu agiria se acontecesse comigo, se acontecesse com os meus". Se um dia acontecer, não se ver desprevenido: "mas eu nunca imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer comigo".
 
Mas por quê? Acho que no mínimo porque aí temos mais chance de ficarmos do lado da solução e não do problema (p.ex.: ser uma das pessoas que ajudam outras, e não das pessoas que desabam).
 
Sinto que nessas horas é que a gente entende o verdadeiro sentido, nem um pouco careta, de algumas expressões das antigas religiões, como p.ex. "Senhor, ensina-nos a recordar que temos que morrer para que alcancemos um coração sábio" - em algum ponto da Bíblia que no momento não me lembro (provavelmente Salmos ou Eclesiastes ou Provérbios). Isso não tinha nada a ver com "escapar do inferno", ou algo assim, e sim com estar pronto para a vida, com todos os seus diferentes lados.
 
(2) Juro que as ondas gigantescas de filmes apelativos como Depois do dia seguinte  (não confundir com o brilhante O dia seguinte, sobre os efeitos de uma guerra nuclear) não me assustaram tanto como a seguinte foto:
 
 
Porque, por absurdo que seja, só neste instante eu relacionei o problema das mudanças climáticas com um fato que eu já conhecia: que quando o mar sobe ele força o nível dos rios a se elevar, represando-os. E então mesmo que o mar não nos invada com água salgada, as regiões litorâneas correm o risco de submergir na água doce que vem de cima (das chuvas e dos rios das serras).
 
Tenho pensado em que há um aspecto em que o governo Lula me desgosta - ao lado de alguns em que meramente me desagrada, e muitos em que me entusiasma fortemente. Não vou falar destes últimos agora. O que me desgosta é a falta de investimento em energias realmente alternativas - não combustíveis.
 
Assistam o filme Zeitgeist: Addendum (tem em http://www.zeitgeistmovie.com com legendas em português) e vocês verão: 2 horas de sol do meio-dia transmitem à Terra tanta ou mais energia do que a humanidade consome em um ano inteiro. As energias solar, eólica, das ondas e das marés já dariam conta de sobra para todas as necessidades humanas atuais, e juntando-se a isso a geotermal as reservas são praticamente infinitas. Mas no lugar disso, estamos conquistando galhardamente uma posição elevada... justamente num tipo de tecnologia que está condenada (ou que está nos condenando).
 
(Mas não, não estou dizendo que preferia outra pessoa no lugar do Lula lá. Tomando os diversos fatores em conjunto, não acredito que haja no momento outro brasileiro nem de longe tão capacitado como ele. O que dá vontade é rezar e começar a acender velas - ou melhor: espelhos ao sol... - pra ver se ele acorda, e logo, para esse aspecto das coisas!)
 
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Josef  David  Yaari - 55 - 11 - 8963-5649
    Presidente do Instituto ProLíbera
           (www.prolibera.com.br)
            Muitos são chamados
            Poucos se escolhem!.

       Quem busca novos caminhos,
       não merece um lugar comum!

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Então fiquei com dúvidas se seria ético me permitir emocionar-me com essas fotos, quando não posso fazer praticamente nada para ajudar. Acabei vendo as imagens e acho que fiz bem, por duas razões:
 
Primeira, que me mobilizou a compartilhar aqui os números de contas bancárias para contribuição com a Defesa Civil de SC. Colocar ainda que 5 ou 10 reais no pires não é insignificante numa hora dessas, não. Trabalho de formiguinha FAZ diferença.
 
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(1) Honestamente, creio que não é ruim a gente ser relembrado de tempos em tempos sobre a fragilidade das nossas vidas e das seguranças, mesmo que pequenas, em que nos agarramos. Tomar alguns minutos pra pensar: "como eu agiria se acontecesse comigo, se acontecesse com os meus". Se um dia acontecer, não se ver desprevenido: "mas eu nunca imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer comigo".
 
Mas por quê? Acho que no mínimo porque aí temos mais chance de ficarmos do lado da solução e não do problema (p.ex.: ser uma das pessoas que ajudam outras, e não das pessoas que desabam).
 
Sinto que nessas horas é que a gente entende o verdadeiro sentido, nem um pouco careta, de algumas expressões das antigas religiões, como p.ex. "Senhor, ensina-nos a recordar que temos que morrer para que alcancemos um coração sábio" - em algum ponto da Bíblia que no momento não me lembro (provavelmente Salmos ou Eclesiastes ou Provérbios). Isso não tinha nada a ver com "escapar do inferno", ou algo assim, e sim com estar pronto para a vida, com todos os seus diferentes lados.
 
(2) Juro que as ondas gigantescas de filmes apelativos como Depois do dia seguinte  (não confundir com o brilhante O dia seguinte, sobre os efeitos de uma guerra nuclear) não me assustaram tanto como a seguinte foto:
 
 
Porque, por absurdo que seja, só neste instante eu relacionei o problema das mudanças climáticas com um fato que eu já conhecia: que quando o mar sobe ele força o nível dos rios a se elevar, represando-os. E então mesmo que o mar não nos invada com água salgada, as regiões litorâneas correm o risco de submergir na água doce que vem de cima (das chuvas e dos rios das serras).
 
Tenho pensado em que há um aspecto em que o governo Lula me desgosta - ao lado de alguns em que meramente me desagrada, e muitos em que me entusiasma fortemente. Não vou falar destes últimos agora. O que me desgosta é a falta de investimento em energias realmente alternativas - não combustíveis.
 
Assistam o filme Zeitgeist: Addendum (tem em http://www.zeitgeistmovie.com com legendas em português) e vocês verão: 2 horas de sol do meio-dia transmitem à Terra tanta ou mais energia do que a humanidade consome em um ano inteiro. As energias solar, eólica, das ondas e das marés já dariam conta de sobra para todas as necessidades humanas atuais, e juntando-se a isso a geotermal as reservas são praticamente infinitas. Mas no lugar disso, estamos conquistando galhardamente uma posição elevada... justamente num tipo de tecnologia que está condenada (ou que está nos condenando).
 
(Mas não, não estou dizendo que preferia outra pessoa no lugar do Lula lá. Tomando os diversos fatores em conjunto, não acredito que haja no momento outro brasileiro nem de longe tão capacitado como ele. O que dá vontade é rezar e começar a acender velas - ou melhor: espelhos ao sol... - pra ver se ele acorda, e logo, para esse aspecto das coisas!)
 
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27 novembro 2008

bush e o terrorismo: a imagem certa...

O Edimar encontrou esta imagem aí pela net, e eu achei o máximo...
 
 
 
 
PS: não digam que estou gastando munição com um dragão morto, que pela sua "brilhante" atuação histórica ele nunca vai deixar de merecer... rsrs
 
Abraços ......  Zé
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23 novembro 2008

Brasil começa a assumir sua cor + nossa participação na História

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I. Acordo, pego um café e leio no UOL: "A proporção dos entrevistados que se autodeclaram brancos caiu de 50% para 37%, enquanto a dos que se dizem pardos aumentou de 29% para 36%."
 
É bom lembrar que, além de afrodescendentes mestiços, a categoria "pardo" acolhe também a maior parte dos índios e seus descendentes (mestiços e índios que não sabem que são).
 
Os dados são de pesquisa da Folha (instituto Datafolha) contraponteada com outra do IBGE - e mesmo sem querer fazer merchandising não posso deixar de sugerir que se compre a Folha deste domingo (23/11), pois o caderno especial contém mais material relevante de acesso exclusivo de assinantes uol/Folha do que é prático ficar salvando e compartilhando pela net.
 
Só mais um aperitivo:  "Há 13 anos, quando o Datafolha fez a sua primeira grande pesquisa sobre o tema, metade dos entrevistados se definiram como brancos. Hoje, são 37%, percentual próximo ao dos autodeclarados pardos (36%). Os que se classificam como pretos representam 14% da população com 16 anos ou mais."
 
Quer dizer: autodeclarados brancos: 37%; autodeclarados pardos + pretos: 50%.
 
E ainda: "Para o sociólogo José Luiz Petrucelli, do IBGE, contribuiu para esse aumento o que ele chama de processo de revalorização identitária. 'O que antes não entrava nos padrões de beleza ou prestígio e era desvalorizado hoje mudou para se constituir em referência, até para poder usufruir de vantagens relativas', diz, referindo-se, por exemplo, a ações afirmativas que passaram a dar benefícios a pretos e pardos no acesso ao ensino superior."
 
 
II. Processo de revalorização identitária de 1995 para cá... Modéstia à parte, acho que também dei minhas pingadinhas de água com as asas, no incêndio que havia a apagar: quando comecei a trabalhar com educação dentro da população periférica, em 1993, senti que esse era o primeiro problema a ser atacado no Brasil - pois de quem está mal com sua própria identidade não tem como sair nenhuma revolução.
 
Justo de 1993 a 1998 esse foi o principal tema da minha atividade pública pessoal (quero dizer: além dos trabalhos de mera sobrevivência): vivia falando aqui e ali sobre a grandeza da história africana, e em 1994 (por uma sugestão da Ute Craemer!) escrevi O Dia em que Túlio descobriu a África. "O Túlio" só foi publicado em 1997, e ainda assim só 300 exemplares - mas tenho a satisfação de ter vários relatos de gente que parece ter encontrado seu eixo depois de ler o livro.
 
Claro que não estou dizendo que fui eu que fiz  :-D ...  Ao contrário: foi uma onda, um movimento histórico no verdadeiro sentido da expressão (que ultrapassa de longe os movimentos conscientemente organizados), que usou milhões de pessoas que se puseram à disposição para isso.
 
O que estou querendo apontar é a relevância de a gente buscar desenvolver o FARO PARA AS QUESTÕES QUE TERÃO IMPORTÂNCIA HISTÓRICA EM DETERMINADO PERÍODO - faro esse aplicado diretamente na realidade circundante, e não dentro dos livros - no mínimo porque quem só olha dentro dos livros tende a ficar míope, e quem fareja dentro deles corre o risco de ficar asmático (com falta de fôlego vital) devido ao inevitável mofo que o tempo ajunta a todos eles, sem exceção...
 
Com abraços calorosamente pretos & pardos,
 
Zé Ralf - trisneto da escrava Floriana Rosa do Espírito Santo
(e infelizmente sem pista de nome dos antepassados indígenas)
 
 
P.S.: Despachei a mensagem anterior e saí comprar a Folha - e aí tive a surpresa de encontrar não um, mas dois cadernos de importância fundamental, e de certa forma complementares  (juro que não fui contratado pela Folha, rsrs): o caderno Mais consiste desta vez em um verdadeiro dossiê sobre Claude Levi-Strauss, que completará 100 anos dia 28.
 
O interessante ãqui são os termos em que a coisa está colocada: a chamada de capa começa: "O DESCOBRIDOR DA AMÉRICA - um dos últimos grandes pensadores vivos, responsável por desmontar as bases do colonialismo ocidental (...) completa 100 anos".
 
E na página 4: "Amparado em uma erudição monumental, Levi-Strauss inseriu o pensamento ameríndio no horizonte da filosofia do Ocidente, diz o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro."
 
À parte a imensa asneira jornalística (ato falho?) "um dos últimos grandes pensadores vivos"... (como se a humanidade estivesse 'progredindo' no rumo de parar de pensar, ou de só pensar pequeno...), tenho que admitir que os dois cadernos são de estudar por algumas semanas e arquivar para consultas o resto da vida - pelo menos no caso de gente apaixonada por esse tema como eu. (Qual tema mesmo? Bom, talvez um bom nome para ele seja A HUMANIDADE).
 
Bom fim de domingo & começo de semana a tod@s!
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17 novembro 2008

ecos do 2.º filme ZEITGEIST na Trópis

Tentando manter aberto o ESPAÇO VIRTUAL DE REFLEXÃO mesmo se não está sendo possível manter a casa aberta todo domingo!
Assisti o segundo filme Zeitgeist: "Zeitgeist: Addendum".
Haveria muito a comentar... mas no momento não há tempo. E não há justamente por estar correndo atrás de pagar minhas contas - isto é: preso na malha do sistema financeiro, que os 2 filmes da série denunciam com propriedade.
ECONOMIA - O conjunto dos 2 filmes acaba chegando no mesmo ponto que eu já tinha entrevisto com os olhos do meu próprio raciocínio: nas condições atuais é perfeitamente viável uma sociedade simplesmente sem dinheiro - inclusive o dinheiro que existe puramente como contabilidade, que é a maior parte do dinheiro atual. Dinheiro só faria sentido como uma espécie de vale para a distribuição de cotas nos momentos de escassez: "vale-sua-cota".
Mas nas circunstâncias atuais, e tomando o mundo como um todo, não há escassez real, nem risco de escassez real, de nada que constitui necessidade fundamental, nem mesmo de energia. Toda situação de escassez é forjada para fazer o dinheiro continuar artificialmente necessário. E isso porque a emissão dos tais vale-sua-cota é em si mesmo um negócio privado, com fins de lucro.
Em resumo, vivemos todos em estado de escravidão disfarçada, igualzinho ao pessoal que trabalha em fazendas isoladas: o contratador adianta sua comida, e na hora de pagar fica com o salário inteiro por conta da comida que adiantou. E você ainda fica sempre devendo um pouco, e então supostamente não pode largar o trabalho e sair. E isso porque é ele mesmo quem determina os dois valores: o do que você vende (o seu trabalho) e o do que ele te vende.  (As imagens demonstrativas que estou usando aqui não estão no filme, só estão implícitas).
Enfim, na parte denúncia o filme é absolutamente convincente. Os dois, aliás. Não só porque quadra perfeitamente com as nossas próprias percepções-raciocinadas, como também por apresentar fartas palavras de endosso de pessoas que trabalham dentro do sistema ou já trabalharam para ele. 
POLÍTICA - Mas deixa sérias interrogações assim que passa a propor: a saída dos problemas da humanidade estaria na tecnologia, desde que não manipulada por grupos privados - o que não deixa de fazer sentido; também o grupo alemão de esquerda Krisis, com seu Manifesto contra o Trabalho, aposta nisso de certa forma (mais sobre ele logo adiante, inclusive link). A questão é que ele também usa a palavra "política" como algo que deve ser suariamente rejeitado - e pode ter razão quando fala da política pseudo-representativa atual. Mas em lugar de falar sobre "uma outra política", como andamos fazendo, simplesmente se cala sobre como a sociedade tomaria suas decisões de alcance coletivo - o que é o sentido mais profundo da palavra política.
Ao não propor com clareza com quem ficaria o poder sobre a tecnologia (o que inclui logicamente a alternativa "com todos"), deixa um vácuo perigoso para a formação de apenas uma nova forma de poder manipulativo - apenas que muuuito mais eficiente que o atual.
RELIGIÃO - Além da rejeição não detalhada da palavra "política" aparece a rejeição-em-bloco de tudo o que se possa chamar "religião" - o que, mais uma vez, historicamente parece ser fartamente justificado. Mas também aí existe por trás uma questão antropologicamente mais complexa do que o filme dá conta de ver: a necessidade humana de tecer com símbolos algum sistema de justificação da existência. E a usual profundidade do amor e/ou apego interior ao sistema de símbolos dentro do qual a consciência de cada indivíduo emergiu.
Aqui definitivamente não dá pra se alongar, mas adianto o seguinte: suspeito que o filme (e o pretendido movimento por trás) pisa na jaca ao confrontar tão diretamente o universo da religião e seus símbolos - mesmo se isso for justificado. Pois essa é uma receita segura para levantar suspeita e resistência.
E especificamente: onde houver cristianismo orientado escatologicamente (isto é, para "as coisas finais" - e isso inclui tanto fundamentalistas evangélicos e pentecostais quanto cristãos esotéricos como os antropósofos), estará lá o veredito: "o que esse filme está fazendo é preparar a manifestação do Anti-Cristo", aquele que resolveria de fato todos os problemas concretos do mundo, deixando-o maravilhoso, ao preço de que o ser humano abrisse mão de sua dimensão espiritual (seja lá o que isso quiser dizer...  - assuntinho também pra lá de espinhoso, sobre o qual venho há alguns anos desenvolvendo um ensaio que está difícil de terminar...)
Mas não estou tomando posição - pelo menos não nenhuma posição fechada, monolítica. É preciso ver esses filmes - seja para concordar ou para discordar ou - mais inteligentemente - um pouco de cada um. Afinal, onde não há controvérsia não há ciência (estou adaptando isso de Saadi, o grande poeta persa do século XIV).
É preciso ver por mil razões. Para quem se sente "de esquerda" uma delas é que sem tem aí uma amostra de uma espécie de esquerdismo autóctone dos EUA, que existe desde o século XVIII e cujas elaborações não passam pelo dialeto marxista - mas nem por isso são necessariamente opostos a este, e muito menos concorrentes (idéia capitalista por excelência!). E é preciso conhecer.
LINKS - Os dois filmes Zeitgeist podem ser vistos na íntegra, com legendas em português, em http://www.zeitgeistmovie.com/. Duas horas cada um. O início dos dois parece enrolado, depois deslancha. Aqui na Trópis já temos o primeiro em DVD, o segundo ainda não (não consegui baixar com legendas). Há também um site ainda pobre que deve ser do movimento: http://thezeitgeistmovement.com (sem o THE não funciona).
Já o Manifesto contra o Trabalho se encontra na íntegra em http://www.dhnet.org.br/desejos/textos/krisis.htm . Agradeço ao Daniel por haver me relembrado da existência desse grupo Krisis: eu li entrevista deles quando estiveram em São Paulo nos anos 90 e fiquei muito bem impressionado. Não exagero ao dizer que me marcou a ponto de ter influenciado no pensamento-e-prática da Trópis. Mas isso foi antes da net, e eu havia perdido a pista dele.  Valeu, Dan!!
Abraços a tod@s,
Zé Ralf
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Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
http://ralf.r.tropis.org • (11) 8552-4506
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12 novembro 2008

Re: Sr Thomas Sixel

Tem pessoas que, por mais que saibamos que já mereciam passar para além das lutas deste planeta, esperneamos egoisticamente pela falta que sabemos que vão fazer.
 
Bernardo Thomas Sixel foi com certeza uma das inteligências mais criativas e independentes no movimento antroposófico brasileiro, se não a mais - mesmo que não concordássemos em tudo.
 
Eu queria muito ter concluído minha proposta de revisão do seu FUNDAMENTAL estudo Quilombismo e Mazombismo, e enviado a ele pedindo seu parecer e autorização para divulgar. Mas as coisas imediatas sempre nos deixam atrasados em relação a outras coisas que na verdade seriam mais importantes...
 
Sinto a necessidade imperiosa de expressar publicamente o meu grande abraço a Bernardo Thomas Sixel e a gratidão por tudo o que realizou entre nós!  Valeu, Thomas!!
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Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
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----- Original Message ----- From: Biodinamica  ---- Sent: Wednesday, November 12, 2008 11:44 AM

Prezados(as) Senhores(as),
 
Notificamos o falecimento do Sr. Bernardo Thomas Sixel, amigo e mais antigo membro da Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, ocorrido hoje, 12/11/2008, no início da manhã.
 
O Velório ocorrerá na Comunidade dos Cristãos, no Bairro Demétria, a partir das 13:00hr.
 

05 novembro 2008

05/11/2008: consciente mas ainda assim emocionado...

...
pois é, gente - eu sei bem que as vastas estruturas do poder
nem têm como mudar lá muito
com uma mera troca de presidente - cargo cujo poder
é muito menor do que as pessoas imaginam, seja lá onde for  -
 
... mas mesmo assim, pessoal, não tem jeito:
não tem como não estar emocionado até a raiz dos cabelos.
 
Haja o que houver, este será, ainda assim, um dos dias historicamente mais significativos
no período de vida de cada um de nós que está vivo no momento.
 
Que não haja, portanto, 'realismo histórico' que nos impeça de sentir a emoção!
 
 
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Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
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01 novembro 2008

. . . [cansaço]

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Cansaço fodido! Impotência no turbilhão que tende ao esgoto.
A tal crise e mais quase tudo é FARSA, mas parece que GOSTAM de ser enganados,  ai!
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