Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

25 maio 2013

0 1º CASO DE AMOR DA LITERATURA MUNDIAL

.
Este texto foi publicado originalmente na coluna Espaço LGBT do semanário ES HOJE, de Vitória, ES, no Dia Internacional de Combate à Homofobia de 2013 (17 de maio).
.
Montagem com 2 fotos do jogador de futebol americano Kevin Grayson,
que assumiu publicamente sua homossexualidade  no mesmo dia da
publicação deste texto. É fácil imaginar que os sumérios
Gilgamesh e Ênkidu não tenham sido muito diferentes disso!
.

Sendo a primeira vez que escrevo neste espaço, é inevitável pensar: começar com o quê? E aí, vocês sabem: sempre aparece algum engraçadinho pra dizer “comece pelo começo.” Mas, justamente: o que poderia ser entendido como um começo aqui, no tema LGBT?

Quem sabe a primeira história que foi escrita no mundo, há uns 4 mil anos: a de Gilgamesh, rei de Uruk - nome que com o tempo virou Iraq.


Bem, “rei” é modo dizer: aquele tempo o que tinha era uma espécie de chefe valentão. Dizia que estava lá para proteger o povo, mas o que mais fazia era se prevalecer da posição. Que bom que isso é coisa do passado...


Enfim, Gilgamesh era forte como um touro, e ninguém podia com ele. O povo se queixava de que nenhuma mulher chegava virgem ao seu noivo, pois tinha que passar antes pelos apetites de Gilgamesh. O povo clama aos céus por ajuda - e aí os deuses dizem à diva mãe de Gilgamesh: “é cria sua, o problema é seu”.


E a deusa, o que faz? Pega um pouco de barro, mistura com uma imagem extraída da substância do céu, e larga no campo um homem de cabelos longos, corpo peludo e brutalmente forte: o único capaz de fazer frente a Gilgamesh. De início Ênkidu vaga pelo campo sem nem saber que é gente - e, enquanto isso, o que acontece com nosso fortão?


Começa a ter sonhos estranhos e vai contar a sua mãe: diz que viu um meteoro cair no meio da cidade. Ele, o rei, tenta movê-lo, mas é pesado demais. E aí repara que se sente atraído pelo meteoro “como por amor de mulher”. E a deusa-mãe explica: “Essa estrela, eu a fiz para ti. É o camarada forte que traz auxílio ao seu amigo em necessidade. Quando o vires, o amarás como a uma mulher e ele nunca te rejeitará”. Depois sonha que cai do céu um machado, e a história se repete: “curvei-me, poderosamente atraído por ele, e o amei como a uma mulher, e aí passei a levá-lo sempre preso à cintura”. E a mãe responde: “esse machado é o camarada que eu te dou, que virá em sua força como um das hostes celestiais, bravo companheiro para socorrer seu amigo em necessidade.”


Encurtando: um dia Ênkidu chega à cidade. Gilgamesh vem pomposamente pela rua... e de repente o bicho-do-mato se interpõe. Os dois se atracam bufando. Por um tempo suas forças se equilibram - a cidade treme... - mas Gilgamesh termina derrubando Ênkidu.


Mas aí, de repente, sua raiva passa: levanta-o, abraça-o... e não se separam mais. Com o vigor de um correspondido e compensado pelo do outro, o povo de Uruk finalmente passa a ter defensor - e em dose dupla. O resto do livro são aventuras e desventuras de Ênkidu e Gilgamesh pela vida afora - e até para além dela.


Pois é: vocês com certeza já ouviram que antes não tinha disso, que homem com homem, mulher com mulher é decadência do fim dos tempos... mas a primeira história que a humanidade escreveu já falava disso, e em sentido positivo. Não houve povo nem época em que o amor não tenha florescido em uma farta variedade de formas. E até hoje os frutos do amor - em qualquer de suas formas - foram os únicos bons que a humanidade colheu!

.

11 maio 2013

O que está por trás da ofensiva evangélica contra direitos de minorias, em qualquer lugar

.
.

Não se enganem, amigos: não são desconexos os crescentes ataques de evangélicos à causa dos direitos humanos das pessoas homo, bi e transexuais: eles seguem um PROGRAMA, o programa que está implícito no livro “A Estratégia” (The Agenda) do pastor presbiteriano-conservador estadunidense Louis P. Sheldon, editado no Brasil por Silas Malafaia.

A ironia do livro é que ele é uma inversão: acusa “os homossexuais” de terem um programa conspiratório para a dominação do mundo e opressão dos evangélicos - programa de cuja existência não existe evidência nenhuma, a não ser as interpretações absolutamente fantasiosas de fatos e de textos bíblicos apresentadas no livro - quando O LIVRO, ele sim, é parte de um programa conspiratório, esse fartamente documentado.

Existe um movimento registrado oficialmente cujo objetivo é promover a dominação militar e econômica dos Estados Unidos SOBRE O MUNDO TODO durante o século 21. O movimento tem inclusive site na internet, embora obviamente mostre pouco no site. Sabe-se que ele e possivelmente outros congêneres são quem realmente detêm o poder nos EUA desde pelo menos 1980, não importa o presidente nem seu partido.

Esse movimento insufla o fundamentalismo protestante para garantir verbas para seus planos de dominação militar no Oriente Médio, fazendo acreditar que a guerra entre Israel e seus vizinhos é necessária para que depois ocorra a segunda vinda de Jesus.

Esse movimento também insufla a população civil a se rebelar contra o Estado democrático, caluniando-o de pretender destruir A FAMÍLIA.

Isso já ocorreu no Brasil em 1964, quando religiosos a serviço dos EUA, tanto católicos quanto protestantes, ajudaram a organizar a tal Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que serviu de pretexto para a intervenção de militares também comprados, que perseguiram mais de sete mil militares fiéis ao Brasil e impuseram por 21 anos o governo mais brutal e corrupto que já tivemos.

As forças do plano de dominação estadunidense não gostam nem um pouco do grau de independência que a América Latina e países “do Sul” conquistaram com a vigorosa participação do Brasil nos últimos 10 anos, e estão jogando todas as fichas para derrubar e/ou descaracterizar os governos do PT - recorrendo mais uma vez ao velho chavão de que “a família” está sendo ameaçada.

Hitler precisou perseguir uma suposta conspiração de judeus para conseguir o apoio das massas alemãs (em grande parte evangélicas) para seus planos de dominação. Os perseguidos eram caluniados de serem os perseguidores - e livros com “evidências” não faltavam.

Qualquer semelhança com o insuflamento das massas evangélicas contra os “planos de destruição da família” pelos “gayzistas” NÃO É NENHUMA COINCIDÊNCIA.

O Brasil vive seu momento mais perigoso desde 1964 - e VOCÊ, evangélico que acredita em tudo que um pastor fala ou escreve, está sendo mais uma vez UM INOCENTE ÚTIL NUMA TRAMA DIABÓLICA.