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Excelente contribuição, Calu! E extremamente lúcida a fala do Ministro da Cultura. Parabéns a ele!! Revela entendimento antropológico.
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De resto, essa questão toda tem a ver com o risco de policialização e burocratização da vida, que pode tornar um inferno a vida mesmo nos lugares aparentemente democráticos - haja visto o tratamento desumano que os brasileiros vem recebendo no aeroporto de Madrid e que está perfeitamente de acordo com as leis... e por outro lado as atuais manifestações na Grécia, por uma insatisfação difusa que se torna cada vez mais geral na União Européia. Reações talvez pouco racionais, "selvagens", porém justificadas.
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Não sei se você viu as notícias de que o Serra teria ficado "perplexo" com a intervenção do ministro, porque isso seria uma pura questão judiciária, e nenhum deles do executivo teria nada a ver com isso. A divisão de responsabilidades é uma faca de dois gumes: por um lado ajuda a evitar o arbítrio dos governantes, por outro pulveriza as responsabilidades e faz a sociedade virar um jogo anônimo, onde não existe nenhum ROSTO a quem se dirigir que responda pelas coisas. Tanto no mundo público como no provado, sabemos que as ouvidorias costumam ser meras farças para aliviar a pressão do descontentamento social.
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Posso não saber onde está a solução, mas uma coisa sei: NÃO É POR AÍ...
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Abraço forte,
Ralf
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----- Original Message -----From: Calu BaroncelliSent: Monday, December 15, 2008 10:16 AMSubject: Caroline Pivetta - manifestação do Ministro da CulturaOlá pessoalsegue uma manifestação do Ministro da Cultura em relação ao caso Caroline Piveta, tão debatido aqui neste grupo...abraçosCalu.O Ministério da Cultura vem a público a fim de que se busque uma saída na esfera cultural para o impasse decorrente do ato e da prisão da jovem Caroline Piveta da Mota, de 23 anos de idade. Ela integrava o grupo que pintou com tinta spray o edifício da Bienal de São Paulo, no local onde os curadores da 28 mostra estabeleceram um espaço vazio de interação com o público. Cremos ser legítima a preocupação, manifestada por muitos artistas e agentes culturais do país, com os desdobramentos que podem criminalizar uma atitude que tem características culturais, muito embora não concordemos com a agressão simbólica proposta e nem tampouco com os textos divulgados como de autoria do grupo..Temos buscado o diálogo constante com grupos jovens dos centros urbanos e das periferias das grandes cidades por acreditar que esta é a forma mais eficaz e duradoura de combater os impulsos violentos que são gerados em meio a desagregação reinante em tais ambientes de fragilidade sociocultural nos quais vivem estes indivíduos. Contudo, cremos que a agressividade simbólica ainda aparece como "alternativa" , de forma ilusória, a estes jovens submetidos a um cotidiano de violência, e passa a ser a "compensação cultural" por vezes a seu alcance para fugir do crime ou da marginalidade de fato. Devemos recordar que, desde muito, essas populações tem suas formas de expressão e de linguagem enquadradas como atos de violência e desrespeito social, como foram as rodas de capoeira no passado, os bailes funks nos dias correntes. O que não podemos esquecer é que a cultura toma caminhos que fogem do padrão estabelecido para expressar conteúdos latentes nas formações sociais emergentes. Não desconhecemos que estas situações podem, vez ou outra, superar o âmbito criativo, mas devemos ainda lembrar que isso ocorre também pela falta de comunicação social e pela pouca acessibilidade destes cidadãos aos bens diversificados de nossa cultura e de nossa arte. Temos certeza que tais conflitos precisam ser trabalhados pelas políticas públicas e pelas instituições de modo a evitar uma maior desagregação do tecido de nossa sociedade..Acreditamos que os mais de 40 dias de prisão guardam desproporção com o ato da jovem, porque tal medida pode gerar uma intensificação dos conflitos que buscamos combater, uma vez que se tornaram um problema real. O ato dos jovens, por mais que discordemos dele, não deve ser criminalizado como se ocorresse uma pixação e depredação do patrimônio cultural ali protegido por lei. Ele aconteceu num espaço específico em que era permitido a todo visitante exercer seu livre e vivo contato com o lugar simbólico da Bienal, uma mostra de arte na qual, segundo a imprensa, muitos outros grupos e indivíduos manifestaram- se da mesma forma, protestando contra ou aderindo ao conceito curatorial, com ações diferentes. O grupo de jovens reivindica o estatuto artístico e cultural ao seu ato. Quem deve julgar e avaliar tal mérito são as instituições culturais, os críticos e historiadores da arte, através dos recursos da reflexão e do debate público. Cremos que o papel do estado é garantir esse espaço público de discussão e apreciação dos valores contemporâneos, evitando que o poder público decida em favor de nenhuma parte e em prejuízo ao todo que forma a cultura. Peço encarecidamente que as instituições culturais e os poderes públicos do país cuidem para que possa ser mantido o ambiente democrático de diálogo e o direito de todos à diversidade de suas manifestações culturais..
Juca FerreiraMinistro da Cultura
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