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Tendo acabado de postar mais uma reportagem do uol sobre a prisão de Caroline Piveta, quero esclarecer que de modo geral, pelo aspecto estético, não gosto de pichação. Costumo achar paredes pichadas uma coisa feia, deprimente. Mas ao mesmo tempo uma coisa útil, necessária e efetivamente saudável, justamente na medida em que é incômoda: ela não nos deixa ficar iludidos de que as coisas estão bem na sociedade quando não estão.
Enquanto acharmos que qualquer 'patrimônio' pode ser mais importante que qualquer vida humana, mereceremos ser castigados pelas pichações.
Que haja multidões de jovens sem espaço (físico e espiritual) para seu desenvolvimento humano integral, isso é uma coisa muitíssimo mais grave que as paredes e muros estarem enfeiados. Paredes e muros que raramente têm algo de efetivamente público: ou são dessa empresa burocrática pseudo-pública que se chama Estado, ou são de pessoas físicas ou jurídicas reconhecidamente privadas, ou melhor: PRIVANTES.
Pois justamente elas - paredes, muros e grades - são tanto símbolos quanto efetivos instrumentos do ato da apropriação por alguns do espaço que era de todos. E não é por acaso que os jovens das camadas sociais majoritárias que são via-de-regra excluídas dos benefícios concentrados atrás dessas paredes e muros sentem mesmo que inconscientemente o impulso de sair deixando neles marcas tribais, ancestrais, antropológicas: "Não pensem que deixamos de existir! Suas lindas paredes e muros enfeiam a nossa existência - e então nós os enfeiaremos em retorno com nossas assinaturas, com lembretes de que ainda existimos".
A mais feia marca de vida humana livre ainda é mais bela - eticamente mais bela - que o mais esteticamente projetado instrumento de exclusão - isto é: de privatização de confortos cuja existência sequer seria possível sem a existência de classes exploradas - ou seja: de pessoas que nem mesmo podem dar atenção aos filhos porque para sobreviverem têm o tempo todo que estar preparando a mesa das classes privilegiadas, já que esse é o único modo que têm de se alimentarem: comerem dos farelos que caem da opulenta mesa que servem aos seus opressores.
Filhos sem atenção parental nem possibilidade de atenção parental, sem creche nem escola decente, sem nem amostra do que seja beleza em suas próprias vidas... enfeiem SIM os feios muros feitos belos por artistas vendidos (arquitetos) para disfarçar a bárbara feiúra de todos os atos das classes que vivem de expropriar humanidade de outros seres humanos.
PATRIMÔNIO, conceito criado pelos violentíssimos e opressores romanos, é sempre crime contra a humanidade. Nojenta que seja, a pichação é sempre protesto político, mesmo se feita com total inconsciência. Vingança do homem tribal contra um "desenvolvimento" imposto por poucos em lugar do único que seria aceitável: sonhado e projetado desde suas bases por todos e para todos.
(Tudo o que está dito acima podia ser mais amplamente demonstrado e defendido... mas por enquanto é o que dá. Que fique pelo menos registrado. Abraços ............... Zé Ralf)
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Totalmente de acuerdo con tu artículo!
ResponderExcluirEl graffiti es una manifestación de arte y de desacuerdo, de rebeldía... Una expresión...
Que absurdo ser encarcelada durante 50 días solamente por pinchar unos muros vacíos de una "galería de arte"! Que absurdo! Y tantos políticos en libertad...
Abraços,
Ah! Y no es solamente los brasileños los que son echados para atrás en los aeropuertos españoles. Y no solo en España! Yo misma fui echada para atrás en Inglaterra, y eso que tengo residencia legal en Europa. Muchos peruanos, bolivianos, colombianos(que ni si quieran pueden entrar sin visa en su ex madre patria),etc son "barrados" en el aeropuerto. Más que los brasileños.
Mais abraços,
Titi.