Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

08 agosto 2011

MANIFESTO DO PLURALISMO RADICAL (republicando como "Sementes para um tempo de Proto-Revolução Perplexa & Atônita - 01")

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Pluralismo Radical: a revolução da revolução
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Manifesto do Pluralismo Radical
Piratininga, 07 set.2008 • Ralf Rickli escreveu

Quem espera que união e entendimento mútuo tragam a felicidade ao mundo, esse pode

desesperar sentado.

Mas a felicidade está sim ao nosso alcance:
através do respeito - mútuo - incondicional
, independente de entendimento e de união.

Só a multiplicidade nos une, e é só por sermos todos diferentes que somos todos iguais.

As Ciências da Vida já nos mostraram que a principal condição para a saúde dos sistemas vivos é o convívio entre diferentes sem a eliminação de suas diferenças, e a Física vem mostrando que essa é a condição primeira para a própria existência:
monocultura é desastre ecológico, indiferenciação entre células é câncer, a supressão das diferenças entre partículas e forças levaria apenas à impotência do Nada.

Por que seria de outro modo justamente na humanidade, constituída pelos seres com maior potencial de inovação e diferenciação no universo conhecido?
As variações possíveis no jeito de ser boi são bem poucas. Ser humano é, justamente, ter o potencial de ser imprevisível no seu jeito-de-ser, esteja-se fazendo uso disso ou não.

Cada um poder pensar e fazer as coisas do seu jeito – se e quando quiser.
Cada um construir seu caminho decidindo individualmente cada passo que vai dar – inclusive quando escolhe dar o passo junto com outros e construir um caminho coletivo.

Coletividadesó um coletivo de indivíduos autônomos faz jus ao potencial do ser humano! Cultura homogênea é desastre em qualquer campo!
Biodiversidade - noodiversidade -  ideodiversidade - pluralidade irrestrita: eis a marca das situações biológicas, sociais, culturais e políticas saudáveis!

Só a multiplicidade nos une!
Só por sermos todos diferentes é que somos todos iguais!

Mas atenção: qualquer ser humano que se encontre, por forças humanas externas a si, impedido de escolher seu rumo e de dar seus passos no rumo que escolheu, encontra-se em estado de opressão.

Ter que ser de um jeito que não se é para conseguir respeito – isso é sofrer opressão.

Ser excluído a contragosto, seja lá do que for,
é estar sendo oprimido.

Ser incluído a contragosto, seja lá no que for,
também é estar sendo oprimido.

Ter que entregar a bolsa ou a vida a contragosto
é sofrer opressão.

Ter que entregar sua força de trabalho sob condições insatisfatórias para não entregar os seus à penúria
também é sofrer opressão.

Não poder decidir ou nem participar das decisões quanto à destinação dos valores que se criou com seu trabalho – isso é sofrer a mãe das opressões.
 

Oprimir é expropriar de outro ser humano sua própria condição de humano:
o poder de decidir por si. Oprimir é sempre tentativa de desumanizar. Fazer o outro de animal ou de coisa para poder atuar sobre ele com a superioridade de um deus – quando na verdade um e outro têm a mesma natureza: a natureza do escolhedor.

Por sua natureza, todo ser humano é capaz de escolher fazer qualquer coisa, inclusive oprimir - 

... mas acontece que o ato de oprimir deflagra inevitavelmente uma reação-em-cadeia de infelicidades em todas as direções – desgraças que assumem depressa mil faces tão diferentes que logo ninguém mais percebe de onde vêm.

Fora uma pequena parcela decorrente de causas puramente naturais ou acidentais, a infelicidade humana decorre toda de atos de opressão perpetrados por seres humanos, e portanto evitáveis já no nascedouro – pois seres humanos podem escolher não oprimir.

Que a capacidade de oprimir é parte da liberdade humana, isso não há como negar – mas só haverá chance de felicidade em nosso horizonte quando a humanidade decidir que respeitará todas as liberdades de todos os seus membros – exceto a liberdade de oprimir;

... quando a humanidade combinar que vale tudo, menos oprimir – em qualquer das formas já mencionadas ou em qualquer outra imaginável;

... combinar que nada pode ser imposto... a não ser isso mesmo: que não seja imposto nada além de que nada seja imposto.

Que não seja imposto nada por ninguém a ninguém
além de que não seja imposto nada
por ninguém a ninguém:

eis o anel virtuoso capaz de garantir a dignidade e a liberdade de todo ser humano (que são uma coisa só).

RespeitoRespeito de todos por todos.
O mais radical e absoluto respeito pela pluralidade e diversidade das vontades e jeitos-de-ser humanos: sem isso não há chance nenhuma de que a infelicidade humana diminua, ou de que a felicidade cresça. Outras condições também podem ajudar – mas a única sine qua non é esta.

Todas as leis e demais instituições da humanidade podem e devem ser repensadas a partir desse núcleo gerador único, e substituídas por leis e instituições derivadas dele. Todo o direito, toda a política, todas as relações humanas, quer dois a dois, quer bilhões a bilhões.

Essa é a mais completa e definitiva das revoluções possíveis para a humanidade – fato que depende tanto das nossas opiniões quanto o de 3x4 ser o mesmo que 4x3 - quer dizer: não se trata de ideologia, mas está implícito na própria lógica fundamental da existência.

Mas não precisamos temer nos sentirmos oprimidos por essa única imposição: sendo precisamente a supressão da opressão, representará o estado de maior liberdade possível à humanidade de modo duradouro: CONVÍVIO: o estado em que os diferentes vivem lado a lado e em paz sem jamais tentarem suprimir as diferenças um do outro.

Só a multiplicidade nos une,
e só por sermos todos diferentes é que somos todos iguais.

Revolução da idéia de Revolução até o seu limite,
caminho mais curto para a maior felicidade possível para todos – eis o PLURALISMO RADICAL. É só pegar e usar.

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