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Esta paródia pra lá de séria do poema do Drummond (não é nenhum achincalhe!) vem correndo a net com a informação de que seu autor tem razões que o impedem de assumir o nome publicamente. Extremamente séria, fundamentada e bem realizada, acredito que devemos pô-la pra circular mesmo assim!
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José ao espelho
Toda manhã você para aqui
O aparelho de barbear em punho firme
Zás zás mas
A cara nova não redime, né?
Vamos conversar um pouco, José?
Você teve um tio
Na Segunda Guerra confinado
Em campo de concentração, José.
Com se sente nesta eleição
Sendo apoiado por neonazistas,
Pela TFP, pela União Nacional Republicana
Nome pomposo de provocadores
De ultradireita fascista?
E agora,você que foi pobre
E tem a seu lado Daniel Dantas
Que foi estudioso
E, ainda este ano
Governador de São Paulo,
Enviou a alunos da rede pública
Livros com pornografia,
Apostilas com 3 Paraguais
Na América do Sul
Cadernos de alunos
Recomendando site de prostituição?
E agora, José?
Você que foi vítima da ditadura,
Como se sente agredindo,
Apenas por razões eleitorais,
Sua adversária candidata
Que sofreu na carne
A tortura da mesma ditadura
Da qual você fugiu para o Chile?
Hoje de madrugada,
Antes de repousar,
Você veio aqui se olhar.
Lembra, José?
Você ficou me olhando
Em busca de uma ideia.
Eu, cá, deste lado do espelho
Matutando.
Mas ideia não veio
Sentimento não veio
Não veio a lembrança de outros tempos
Quando você lutou pela anistia
Não veio a memória da luta pelas Diretas-Já
Não veio o discurso contra a tortura.
E a noite esfriou
O riso não veio
Não veio a utopia
E seu vice do DEM
Te deu uma agonia
E você me olhou
Com a barba mal-dormida
Querendo uma dica...
E eu te dei, lembra?
Eu disse:
- José, ainda dá tempo
De salvar sua biografia:
Vota na Dilma!
Ninguém vai saber,
Só eu e você, José!
Mas você foi dormir
E agora volta com esse prestobarba
E a cara lambuzada de creme macio
Por que assim me olha, José?
Cadê sua coerência?
Sua jaqueta blue jeans?
Suas idéias libertárias?
Em que acordo com
O Bornhausen, o Civita, os Frias, os Mesquita, os Marinho
Perdeu-se sua biografia?
José, cadê sua coragem?
Sua independência dos poderosos?
Sua utopia?
Com esse prestobarba na mão
E a cara lambuzada
De macio creme de barba
José, você quer mais uma dica.
Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você chorasse
Se você se arrepedesse
Ainda dava tempo
Pra salvar sua biografia
Do Brejo das Almas
Mas sozinho com seu prestobarba
Diante de sua imagem espelhadaEstupefata
Qual bicho capturado
Pela TFP, pela UNR, pelo DEM
Sem teologia
Sem ideologia
Sem utopia
Festejado por neonazistas
E ex-torturadores
Ladeado por Jorge Bornhausen
E Jair Bolsonaro
Ex-militar raivoso
Que pede o fuzilamento do presidente Lula
José, você marcha.
José, para onde?
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