Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

28 fevereiro 2009

ainda NÃO deu na imprensa: quem é o pai da DITABRANDA na Folha?

Peço licença de compartilhar com vocês um achado que ainda NÃO está na imprensa.
 
Como prelúdio, é fundamental mencionar o recém-aparecido relato de Ivan Seixas, de que ele (com 16 anos) foi preso e torturado junto com seu pai Joaquim em 16.04.1971. Detalhe: levaram Ivan para tortura no Parque do Estado, e pelas frestas da viatura ele viu A NOTÍCIA DA MORTE DO PAI, estampada na Folha da Tarde, QUANDO O PAI AINDA ESTAVA VIVO; morreu na tortura mais tarde, quando o jornal do grupo Folha já estava nas bancas...  (mais na matéria de Rodrigo Vianna em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15744 ) 
 
Mas quem é o pai do termo "ditabranda" (com que o editorial da Folha de S.Paulo de 17.02.2009 classificou a ditadura militar brasileira de 1964-85)?
 
Em um ótimo artigo de 27/02, o jornalista Luiz Antonio Magalhães diz que buscando no Google não encontrou nenhum precedente no uso desse termo infame. ( O artigo do Luiz pode ser lido em http://www.correiocidadania.com.br/content/view/2992/9/ )
 
Pois bem: buscando nos arquivos da própria Folha eu encontrei o precedente!
 
Foi num artigo da seção Tendências/Debates de 17... 09.2004. Reparem só na temática e no estilo, praticamente idênticos ao do recente editorial e das respostas malcriadas a Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato:
 
Preocupa-me sobretudo o risco de que, na falta de defesas eficazes nas instituições políticas e na sociedade, os sinais de deterioração continuem se avolumando até desaguar numa crise política grave. Ou, pior, na configuração de uma "democradura" - um híbrido semelhante, mas com viés histórico oposto, à "ditabranda" do general Geisel. // Estou vendo fantasmas? O silêncio envergonhado ou a desconversa de próceres do PT e áreas próximas me dizem que não. E a lentidão da própria oposição para acordar para o problema me dá, confesso, um nervoso danado.// Pronto, entreguei-me. Antes que a doutora Milan mande me internar, eu pediria a ela e a qualquer um de plantão o conforto de uma palavra clara contra esses desmandos, a favor das liberdades democráticas.
Que tal?  Esse texto completo está em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1709200410.htm
 
Mas... é assinado por quem?  "Eduardo Graeff,  54, sociólogo, foi assessor parlamentar e secretário-geral da Presidência da República no governo Fernando Henrique"
 
Interessante, não?  Mas é tudo?  
Nãããããão!!!
 
Olha só o que alguém falou desse senhor Eduardo Graeff, aparentemente em 1999:
 
"A Secretaria de Relações Institucionais esteve com o Dr. Eduardo Graeff. Os que não sabem, saibam que o Dr. Graeff foi meu aluno. Trabalhou comigo a vida inteira, como meu assessor direto. Poucos, em certas épocas da minha vida, foram capazes de interpretar melhor o que eu pensava e escrever melhor do que eu, como o Dr. Eduardo Graeff."  E ainda:
 
"Uma pessoa como Eduardo Graeff, portanto, só poderia fazer o que ele vai fazer: continuar muito perto do presidente da República, ajudando o presidente da República a ter idéias mais claras sobre assuntos importantes e (...) a ser capaz de entender também, com maior justeza, a natureza dos problemas. O Dr. Eduardo Graeff continuará, portanto, integrado à nossa equipe de trabalho."
 
E quem disse isso senão... Fernando Henrique Cardoso?
(discurso de posse de novos ministros, sem data, aparentemente em 1999, em http://www.radiobras.gov.br/integras/99/integra_1907_2.htm )
 
E pensar que um dia, nos tempos do jornal Opinião, a gente pensavem em FHC como uma esperança da esquerda...
 
Gente, tô virando jornalista investigativo...  Alguém não quer me pagar pra fazer isto, não? rsrsrs
Abraços gerais,
 
Zé Ralf
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Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
http://ralf.r.tropis.org • (11) 8552-4506
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3 comentários:

  1. Mas tem um anterior ainda, veja que beleza:
    http://www.youtube.com/watch?v=qsBTTH0F1_g&e

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  2. EXCELENTE contribuição, Toni, pois mostra de que gênero são os que costumam chamar ditaduras de ditabrandas. E de resto derruba o argumento usado pela Folha para defender seu editorial, que "em comparação com as outras do continente" a brasileira era uma ditabranda... Mas se o próprio Pinochet dizia o mesmo... rsrssr

    O que pra mim é quase insuportável, é como se fosse absurdo demais pra ver isso acontecer em uma vida só, é ver palavras assim vindo diretamente do quartel (apropriadamente...) do Fernando Henrique... como se ele não tivesse sido exilado, como se não fossem dele os artigos que eu lia no Opinião nos anos 70...

    Abraços inconformistas!!

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  3. Eu me chamo Douglas Martins.
    Muito bom, acho que deviam te contratar como jornalista investigativo. Parabéns!! Eu participei da manifestão em frente a Folha contra a idéia de que no Brasil o que houve foi uma ditabranda.
    Gostaria, se vc me permitir, publicar a sua reportagem em meu blog.

    abraços

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