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Diante das bombas de Boston, até mesmo nos EUA uma parcela considerável da opinião pública avaliou de imediato: “isso é operação de bandeira falsa”. Esse conceito não é estranho nem novo no pensamento militar: trata-se de ação realizada por agentes do próprio país, pondo a culpa em algum outro que se deseja atacar ou pelo menos complicar.
Verdade que não é fácil aceitar que mortes e mutilações de cidadãos possam ser causadas por forças de segurança de seu próprio país: a razão se arrepia com essa ideia, e prefere desqualificar como mera teoria de conspiração.
Em Boston morreram 3 pessoas. Na derrubada do World Trade Center, naquele 11 de setembro de 2001, morreram 3 mil. Ainda assim, quem se dá o trabalho de ler ou assistir relatórios de investigações independentes se convence para sempre, sem retorno, de que também foi operação de bandeira falsa.
E aí a questão ressurge agravada: SERÁ POSSÍVEL MESMO que alguém seja capaz de fazer isso com 3 mil de seus próprios concidadãos?
Há poucos dias fui a um bate-papo com o jornalista capixaba José Caldas da Costa, autor de vasta pesquisa contextualizada sobre a Guerrilha do Caparaó, o primeiro movimento de resistência armada ao regime de 1964, encetado por militares das três armas que haviam sido expulsos pelo golpe. Conversa vai, conversa vem, tocou-se no caso Para-Sar, uma OPERAÇÃO DE BANDEIRA FALSA que teria sido executada no Brasil em junho de 1968 - se não tivesse sido frustrada pela heroica insubordinação do capitão Sérgio de Carvalho.
Essa operação, que serviria de pretexto para a eliminação de 40 das maiores lideranças políticas do país e para o endurecimento do regime a um extremo quase inimaginável, se iniciaria com explosões esparsas em diversos pontos do Rio de Janeiro, seguindo-se: a destruição do seu sistema de abastecimento de água (!) e, finalmente, a explosão do centro de armazenamento de gás combustível conhecido como Gasômetro de São Cristóvão (que se vê na foto), planejada para o momento de movimento mais intenso na região, e que provavelmente provocaria uma miríade de explosões secundárias ao longo da rede de gás encanado abastecida por ele.
COM TODA PROBABILIDADE, OS MORTOS PELA OPERAÇÃO PARA-SAR ULTRAPASSARIAM OS DO 11 DE SETEMBRO.
Nada do que relatei até aqui era novidade para mim - mas ali, no meio desse bate-papo de 25/04/2013, de repente vi esses dados todos se ligarem de um modo com que eu ainda não havia atinado - e se ergueram, diante dos meus olhos mentais estarrecidos, os seguintes dois pensamentos:
1) Se aqui no Brasil foi por um fio que não aconteceu uma operação de bandeira falsa mais mortífera que o 11 de Setembro, perpetrada pela próprias “forças de segurança” do país, que estupidez é essa, nossa, a de resistir à ideia de que isso possa ter acontecido nos EUA, desqualificando qualquer conversa nesse sentido como “teoria da conspiração”? Conspirações existem. A do caso Para-Sar, integralmente documentada. Por que não nos EUA?
2) AINDA MAIS QUE está fartamente comprovada a participação de forças estadunidenses no planejamento e execução do golpe de 1964, com destaque para a doutrinação e treinamento de pessoal nas formas mais bárbaras de violação da dignidade da pessoa humana. Hoje todos sabemos que as técnicas de tortura ainda usadas nas delegacias brasileiras foram ensinadas às nossas forças de “segurança” naquela época, metodicamente, diretamente por agentes dos EUA.
EM RESUMO: o frustrado Atentado ao Gasômetro do Rio e o 11 de Setembro são farinha do mesmo saco; procedem de uma mesma realidade tenebrosa que em nenhum momento teve solução de continuidade desde então.
Hoje reconquistamos uma dose considerável de autonomia frente ao poderio dos EUA - a maior autonomia que já tivemos desde o momento de nossa entrada na 2.ª Guerra Mundial. Não é total, é claro, pois hoje em dia isso simplesmente não existe em nenhum ponto do planeta, mas ainda assim podemos dizer que nossa posição é privilegiada - e torço para que nunca deixe de ser, só vá daqui para melhor.
Mesmo assim não podemos perder de vista um minuto o quanto a tal realidade tenebrosa está ativa no mundo no momento; o quanto a democracia está destroçada nos próprios EUA, com fatos totalmente comparáveis aos dos nossos anos de chumbo; e que a intenção das forças por trás dessa realidade tenebrosa é declaradamente o domínio do mundo todo no presente século.
Seria tão bom que isso tudo não passasse de um pesadelo - mas é o que há de mais concreto na realidade social, política e econômica internacional. Oxalá um dia nossos descendentes estejam em condições de duvidar que isso tudo tenha sido possível! Pois a nós, hoje, não resta sequer direito de duvidar.
Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)
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