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Não, gente, desculpem, mas não tenho nenhuma saudade do cotidiano paulistano que vivenciei por 16 anos.Não tenho saudade de ser imprensado feito sardinha cada vez que precisava me deslocar a mais de 2 Km de casa, não tenho saudades do sol fosco que (ao contrário da poeira) nem assusta os olhos, nem tenho saudade da "música" das avenidas que me roubou parte considerável da audição.
Muito menos tenho saudade daquela fração da população paulista que fantasia que seu modo de pensar, se vestir, comer, se divertir, existir, represente algum padrão de excelência frente ao resto do Brasil.
Mas ontem - eu confesso - saudade de São Paulo me fez chorar. Como nunca imaginei que faria.
Estava no caixa do supermercado (ia dizer "na fila", mas não, não tinha fila!) e o som ambiente começou a tocar "Trem das Onze". E a graciosa capixaba que me atendia começou a cantarolar junto discretamente, perdida em seus pensamentos.
E aí não deu. De repente era uma conexão com uma outra São Paulo - uma São Paulo que antes de mais nada não se opõe ao Brasil - nem o explora! - mas é a continuação do resto do Brasil - do qual também faz parte a capixabinha do caixa - pelas colinas e várzeas de Piratininga e Jurubatuba. Do Tietê, do Ipiranga, do Tamanduateí.
Ou, dizendo melhor: não mera "continuação": é a parte do Brasil-Brasil que repousa ali.
Repousa? Eu disse "repousa"?!
Perdão: que se esfalfa, sofre, ama, chora, canta, faz tudo ali - menos repousar -
... e que nunca vai deixar de se estender também pelo meu coração adentro - esse meu (como disse aquele outro cantor de São Paulo nascido na Bahia) coração vagabundo...
[que] quer guardar o mundo
em
mim
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É tanta beleza e grandeza prum coração só, né? Sem falar nas demais coisas...
ResponderExcluirSampa tem sim seus encantos... ontem estava ouvindo músicas "antigas" do Gunnar e ouvir ele cantando "Vida suburvana / vim da Zona Sul / vida suburbana / vim do Monte Azul / - São Paulo" deu uma saudade tremenda também. Ao mesmo tempo que uma gratidão imensa de ter crescido ali naquele bairro tão especial, tão diferente, tão agraciado... tão nosso! :´)
Parece outro Ralf falando...
ResponderExcluirMais suave.
Tem Vitória que derrota paulistanisse.
"tem vitória" que derrota qualquer metrópole - a vitória sobre a memória das pessoas. a moça do caixa cantarolando baixinho um pouco de sampa.
ResponderExcluiradorei o texto, curti...gostoso.. doce,poético, "pero sem perder a acidez, jamás" rsrsrsrsrs bjs bjs bjs Bel