Acredite nos que buscam a verdade... Duvide dos que encontraram! (A.Gide)

18 julho 2008

o 'transgredir' burguês: cômico (por ridículo) se não fosse trágico (por violento)


Um formando bolsista é expulso da faculdade e fica sem diploma por pixar a faculdade como TCC. Reparem nos trechos marcados em roxo na reportagem abaixo.
 
Já quando a senhora Jac Leirner, de família sempre presente nas colunas sociais,  forra uma sala da Bienal com objetos (cinzeiros?) confessadamente roubados de aviões, na sua instalação Corpo de Delito, isso passa por uma transgressão válida e recebe louvores...
 
Moral da história: transgredir é privilégio da burguesia; se a burguesia faz merda, merece museus e prêmios; mas se alguém do povo tentar seguir seus passos, taí um belo pretexto pra empurrá-lo escada abaixo e acabar com essa impertinência de vir participar dos acontecimentos na sala de jantar...
 
(Também tem uma discussão sobre isso rolando num blog http://papiart.blogspot.com/2008/06/terrorismo-potico.html )
 
Ralf Rickli • arte em idéias, palavras & educação
http://ralf.r.tropis.org • (11) 8552-4506
 

São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2008

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Escola expulsa aluno que vandalizou prédio para discutir arte

Durante apresentação de trabalho de formatura, estudante e mais 40 pessoas picharam prédio da faculdade Belas Artes

Faculdade diz que está interessada em discutir os limites da liberdade de expressão; abaixo-assinado tenta reverter decisão

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Rafael Guedes Augustaitiz bem que tentou um diploma superior. Durante quatro anos, ele cursou como bolsista o Centro Universitário Belas Artes, na Vila Mariana.
Vencidos todos os créditos, bastava apresentar um TCC (trabalho de conclusão de curso) para conquistar o título de "bacharel em artes visuais".
Mas, ontem, ele recebeu o aviso do reitor Paulo Antonio Gomes Cardim: foi expulso da escola.
Motivo alegado: "Prática de atos de vandalismo, lesivos à propriedade particular e (...) incongruentes com o espírito universitário; agressão ou ofensa a funcionários; ato sujeito a ação penal".
A escola não levou na esportiva o que aconteceu em 11 de junho, quando Augustaitiz apresentou o que considerou seu TCC. Nas palavras dele, tratava-se de "ação performática e de protesto para discutir os limites e o conceito da arte".
Na prática, o que se viu foram 40 jovens armados com sprays, chegando todos juntos a pé, muitos deles mascarados, por volta da 21h, e sacando, de repente, as latas que escondiam sob as roupas. Cobriram a fachada, recepção, escadas e salas de aula com as letras pontudas de difícil decifração que caracterizam a pichação paulista.
Seguranças e pichadores trocaram socos e pontapés por dez minutos, até que chegou a PM e levou sete jovens presos -Augustaitiz, entre eles.
No dia seguinte, a escola já limpara os rastros deixados pelos pichadores. "O impulso e a cegueira fizeram com que apagassem a minha obra. Quem vai me indenizar?", pergunta o estudante, a sério.
"Considero criminosa a ação do aluno. Não considero esta ação como arte. Não considero a possibilidade de aceitar essa manifestação como trabalho de conclusão de curso", tachou Helena Freddi, professora de Augustaitiz, em carta endereçada ao reitor, dias depois.
A faculdade -que outorgou em abril o título de professor honoris causa ao prefeito Gilberto Kassab, pela implementação do Cidade Limpa- montou uma comissão de inquérito para decidir o que fazer. Presidida pelo advogado Carlos Alberto Rufino, dela participaram a chefe da biblioteca, Leila Rabello, e Marco Antonio Frascino, professor de legislação e ética em publicidade. Foi nessa comissão que se formou a convicção pró-desligamento.
Segundo o supervisor acadêmico Alexandre Estolano, a faculdade está, sim, interessada em discutir "limite e transgressão". "Mas não desse jeito. Vamos patrocinar um seminário sobre o tema, em agosto."
"Limite e transgressão, até onde vai a arte e a liberdade de expressão", segundo o texto de divulgação, serão debatidos por "jornalistas, artistas consagrados, colecionadores de arte, galeristas, curadores de museus". E por nenhum pichador.
Ontem, começou a circular um abaixo-assinado em solidariedade ao expulso, pedindo que a escola dê a ele a chance de se defender: ""Pixação" pode ser crime (?), mas também é arte, e a faculdade perdeu a chance de surfar na vanguarda da mais moderna e atual de todas elas. Sempre foi assim. O Moma (Museu de Arte Moderna de Nova York) torceu o nariz para os trabalhos de Andy Warhol e Basquiat foi ridicularizado pelos mesmos acadêmicos que hoje o idolatram. A arte de verdade incomoda e às vezes demora a ser entendida".
Entre os signatários, estão os grafiteiros Otavio e Gustavo Pandolfo, Osgemeos, cujo trabalho está até agosto em exposição na Tate Modern, em Londres. No dia 3 de julho, um mural gigante da dupla, na Bela Vista, foi coberto com tinta cinza por uma empresa a serviço da prefeitura.

2 comentários:

  1. Detalhe: Jac Leirner pedia autorização pra roubar os cinzeiros dos aviões...

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  2. Que pena que vc não assinou, caro(a) Anônimo(a)... seria interessante prosseguir na discussão de modo mais pessoal. Se é verdade que a Jac Leirner PEDIA AUTORIZAÇÃO PARA SE APOSSAR dos cinzeiros de aviões, então não cabe em absoluto o verbo "roubar"... ela ganhava lembrancinhas... E apresentar seu trabalho como "Corpo de Delito" foi então um blefe, uma fraude...

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